Em Maio algumas das celebres 4 cruzes de pedra existentes em Turquel costumam ser enfeitadas / decoradas com flores, uma tradição antiga. Deve-se ao facto do dia 3 de Maio ser dedicado à Exaltação da Santa Cruz, pelos católicos. A cruz é o símbolo dos cristãos. Já os nossos navegadores transportavam a cruz para evangelizar os povos da terras por onde iam passando. O nome de “cruz” era atribuído a muitos locais e o Brasil foi conhecido por “Terra de Vera Cruz”. A festa da Exaltação da Santa Cruz é solenizada em muitas povoações do nosso país, sendo feriado municipal no concelho de Barcelos. Existe o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, onde estão os túmulos dos nossos reis, D. Afonso Henriques e D. Sancho I. Nas terras de fortes tradições cristãs, as cruzes aparecem por todos os locais. Ao longo das estradas, existem algumas cruzes que assinalam o local onde alguém morreu de acidente. No início de muitas tarefas se faz o sinal da cruz, como podemos ver no futebol em que alguns jogadores o fazem. Nos campos, colocavam-se muitas cruzes, feitas com ramos de árvores, no meio das searas. Ao longo do tempo, depois de amassada a farinha para o pão do sustento do nosso corpo, as pessoas traçam, ainda hoje, uma cruz sobre a massa a fintar e dizem algumas orações como “Deus te acrescente para alimento desta gente”. Também a povoação de Turquel tem raízes profundamente cristãs, existindo 4 cruzes de pedra, com cerca de um metro de altura, colocadas nos limites da localidade. Uma delas encontra-se a Norte, na zona do Carril, outra a Sul no início da Rua Principal; as outras duas situam-se na parte Este da localidade, na zona de Farrejais e nas Eiras. Os nossos antepassados orientavam-se pelas cruzes, para dali serem abençoados os campos, na Quinta Feira da Ascensão (Dia Santo e Dia da Espiga) pelo pároco que vinha até ali em procissão com os seus fiéis, rezando as Ladainhas. Também o Sagrado Viático (Comunhão aos doentes) era feito com um ritual próprio (com umbela e velas) até onde estão estas cruzes, por ser dentro da povoação. Para além das cruzes, a Comunhão aos doentes era distribuída com menos ritual. Aquando da morte de alguém, dentro da localidade de Turquel, o pároco acompanhava o defunto desde a residência. Para além da localidade, era acompanhado desde o local onde se situavam as cruzes. Até pelo toque do sino da igreja, aquando da morte de alguém, os populares aplicavam os termos: “cruzes adentro ou cruzes fora”. Estas cruzes mantêm-se, seria bom embelezá-las e preservá-las, como fizeram os nossos avós!
In: OAlcoa Por: Acácio Ribeiro
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