domingo, 28 de fevereiro de 2010

Publicação na integra da conferencia de imprensa dada pelo Dr. Jorge Esteves de Carvalho em relação á situação do CDS/PP Alcobaça .

Conferência de Imprensa de 27 de Fevereiro 2009


Convoquei esta conferência de imprensa para falar aos militantes do CDS-PP do Concelho e a todos os apoiantes da minha candidatura à Presidência da Câmara Municipal de Alcobaça, nas últimas eleições autárquicas e que me identificam com responsabilidades na actividade política autárquica.

Soube-se e foi confirmado pelo Delegado Concelhio do CDS-PP da existência de reuniões com vista a viabilizar uma coligação entre o PSD e o CDS-PP de forma a possibilitar a governação PSD na Junta de Freguesia de Alcobaça.

Do que falaram nada se sabe mas, tendo em conta a forma pela qual se tem pautado a intervenção politica do CDS-PP no Concelho, o tabu está desfeito.

Luís Querido é o Tesoureiro da Junta de Freguesia e já demonstrou que não entrará em nenhum combate, em oposição ao PSD, na defesa dos mais nobres interesses dos Munícipes do Concelho e do Programa Eleitoral com que o partido de apresentou a sufrágio.

Não poderia ter mais razão o economista Milton Friedman quando dizia que “Não há almoços grátis”. O que se pensa que é gratuito, alguém vai ter sempre que pagar. Neste caso a moeda de troca foi o silêncio.

Sr. Delegado nomeado Luís Querido, não basta mandar publicar artigos na imprensa agradecendo a votação no CDS-PP.

Os eleitores, militantes e simpatizantes, que votaram no CDS-PP querem que lhe agradeçamos com trabalho, que estejamos atentos à governação de mais quatro anos de maioria PSD, que denunciemos a falta de uma visão estratégica macro para o Concelho, a falta de rigor nas decisões, o clientelismo, os “jobs for the boys”.

Sobre a actuação da maioria do PSD desde a sua tomada de posse, o CDS-PP nenhuma posição tomou.

Apenas temos sido presenteados com artigos nos jornais assinados pelo Seu Delegado Concelhio, esclarecendo que o CDS-PP em Alcobaça é só ele e que por isso decide o que faz, como faz e quem quer ou não no Partido.

Sobre o orçamento para 2010 silêncio total.

Será que não viu que se trata de um orçamento empolado e que não contempla qualquer estratégia de desenvolvimento para o concelho?

Na actual conjuntura e ao agravamento do contexto macro-económico e nas finanças públicas, que teve reflexos muito significativos nas receitas municipais e sem perspectivas de recuperação significativa a curto prazo, não considera que estamos perante um orçamento irrealista, empolado, apresentando um valor que quase duplica a execução estimada para o ano de 2009, merecendo por isso um voto contra do CDS-PP?

O aumento da despesa corrente, nomeadamente, para pagar ordenados, deslocações, viaturas, comunicações, do Secretário do Sr. Presidente da Câmara, que valor acrescentado traz para o nosso Concelho?

Porque não canalizar este custo para baixar alguns dos impostos municipais, tornando o nosso Concelho mais atractivo, a exemplo de outros ou permitir mais despesa pública em investimento?

Ao votar favoravelmente o Plano de Actividades para o ano de 2010 da Junta de Freguesia de que é membro, não sentiu que estava a defraudar todos quantos votaram no CDS-PP?

Trata-se de um documento sem qualquer rigor, uma mera carta de intenções que pouco ou nada concretiza.

Votou na continuidade da gestão da Presidente Manuela Pombo, contra quem se bateu durante a Campanha Eleitoral, gestão essa espelhada no último paragrafo do referido documento, “São estes os objectivos e muitos mais que esta Junta, por ser ambiciosa, pretende realizar”, ou seja, o que “vier à rede é peixe”.

Os investimentos a realizar representam apenas 18% do total das despesas, enquanto que as despesas com pessoal pesam cerca de metade das despesas correntes.

É neste quadro que vê melhorar a qualidade e condições de vida, de todos os habitantes da cidade e do Concelho de Alcobaça?

Não considera tardia a tomada de posição formal do partido, quanto ao retirar a confiança política à eleita do CDS-PP, Ana Catarina, por não ter seguido as orientações de voto do partido?

E porquê de forma tímida e meia disfarçada no meio de um artigo em que se justifica perante a opinião pública?

Nunca reuniu com os membros da Assembleia de Freguesia de Turquel, nem mesmo para preparar a reunião de 3 de Dezembro, analisando os documentos financeiros previsionais para o ano de 2010 e a forma como os mesmos deveriam ser votados e respectivas declarações de voto a serem feitas.

Por esse motivo e a pedido do eleito do CDS-PP, Luis David, ajudei a preparar a Assembleia o que possibilitou ao CDS-PP demonstrar que não havia concordância entre os documentos postos à votação.

Que apoio é que tem dado ao nosso representante na Assembleia Municipal?

Quantas vezes já reuniu com o Dr. Leonel Fernandes, para estabelecer estratégias de acordo com o Partido, consoante as matérias a tratar?

Uma vez mais tal não aconteceu para preparar a a Assembleia Municipal de ontem, ao lado de quem estive, debatemos ideias do que seria melhor para o nosso Concelho e a forma de votar os assuntos em discussão.

Temos assistido a constantes contradições nas suas intervenções.

No seu artigo de opinião publicado no Jornal Tinta Fresca de 7 de Fevereiro diz “Alerto para que na Assembleia Municipal, não haja medo de se votar contra, quando assim alguém o entender”. O partido que diz representar votou a favor do Orçamento para 2010.

A candidatura do Partido às Eleições Autárquicas de 2009 visava a eleição de um vereador para a Câmara Municipal e a eleição do maior número de elementos nos restantes órgãos, Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia, bem como, e independentemente dos resultados eleitorais, a reorganização da Concelhia e o acompanhamento interventivo de toda a governação do Concelho.

Foram estes os pressupostos que acordei com os Presidente e Vice-Presidente da Comissão Política Concelhia na madrugada do dia 25 de Julho de 2009 e que me levaram a aceitar o convite de ambos para ser o candidato à presidência da Câmara Municipal de Alcobaça.

No final do dia 3 de Outubro, o CDS-PP tinha atingido o seu objectivo principal, aumentar a sua força autárquica no Concelho de Alcobaça.

Conseguimo-lo em votos e percentagem, traduzidos em mandatos para a Assembleia Municipal e para as Assembleias de Freguesia a que concorremos.

O CDS quase duplicou a votação de 2005 e cresceu cerca de 38% relativamente ao melhor resultado dos últimos 16 anos.

Apesar de todas as dificuldades que tivemos de superar, conseguimos fazer chegar às populações do Concelho a nossa mensagem, as nossas preocupações pela crise económica e social em que o Concelho se encontra, demonstrámos a situação financeira da Câmara resultado de uma péssima gestão dos dinheiros públicos durante os últimos doze anos e apresentámos um programa que não se esgotava no dia 11 de Outubro. Seria mantido em aberto de forma a permitir a sua actualização, à medida do seu cumprimento e da evolução do Concelho.

Defendi na noite das eleições que o partido, em Alcobaça, tinha de repensar o caminho a seguir, o que fazer para o futuro. Teria de promover esta discussão, no interior da Concelhia, com seriedade, rigor e respeito por todos os militantes, preparando assim a eleição da próxima Comissão Política Concelhia.

Não sendo um político de carreira, prezo demasiado as questões democráticas para que delas me afaste, para que a elas me furte.

Não cheguei ao Partido há menos de um ano. Há mais de 30 anos que dou a cara pelo CDS, começando pelas lutas estudantis e depois na estrutura concelhia de Gouveia.

Envergonhou-me a leitura do seu artigo “ Coligação! Sim, ou Não?, publicado no periódico Região da Nazaré de 23 de Dezembro de 2009, que decerto deixou preocupados todos aqueles que acreditaram no projecto do CDS-PP. O seu conteúdo está longe dos princípios do Partido sob cujo nome assina o texto publicado.

O CDS-PP é um Partido que defende a democracia pluralista, que garanta as liberdades individuais e a participação de todos na vida política, recusando toda a espécie de totalitarismo e o desrespeito pela diversidade de opiniões, mesmo que minoritárias.

Expressões como “…único responsável do CDS-PP…”, “…ouvir simplesmente e exclusivamente…”, “…exigir…”, “…não quero no Partido…”, recordam-me o fenómeno do Caudilhismo e são reveladoras de uma enorme imaturidade democrática.

O Sr. Delegado nomeado Luís Querido não viu qualquer importância em reunir com os militantes do seu Partido, dando cumprimento aos Estatutos do Partido, que na sua Secção IV, artigo 20º, ponto 4, referem que o Plenário Concelhio reunirá, obrigatoriamente, após a realização de qualquer acto eleitoral a que o Partido tenha concorrido no Concelho, até 45 dias após o seu apuramento.

Estamos a falar do órgão deliberativo da estrutura municipal a quem compete, nomeadamente analisar resultados eleitorais e deliberar sobre a actividade do representante do Partido no Município.

Desde o dia 25 de Novembro que solicitei, via telefone, uma reunião ao Sr. Luís Querido, que na altura me disse não ter muita disponibilidade, tendo deixado nas suas mãos a marcação da dita reunião, o que até hoje ainda não aconteceu.

O essencial da democracia, desde os Gregos (que lhe deram o nome), é a partilha de argumentos, o “dia-logos”.

O essencial da vida democrática é, com efeito, a praça pública, a “ágora”, a palavra livre.

Assim, descontente com o caminho que o Partido Popular, CDS-PP, tem vindo a seguir no Concelho de Alcobaça, decidi em consciência e pelo respeito que me merecem todos quantos votaram no CDS-PP nas últimas Eleições Autárquicas, ser candidato nas próximas eleições à Presidência da Comissão Política Concelhia de Alcobaça.

Se em Julho de 2009 a Concelhia tinha à sua frente a Dra. Maria Barreiro que, à sua maneira, lutava pelo Partido em que acreditava, hoje tem o Sr. Luís Querido, Vice-Presidente de então, que tudo faz para parecer que usa o Partido como trampolim de um qualquer protagonismo público.

Como denominador comum encontramos a falta de liderança, de organização e principalmente de estratégia. A Dra. Maria Barreiro nada tinha preparado para as eleições a dois meses das mesmas. O Sr. Luís Querido encerra em si próprio o Partido e reduz o CDS-PP à Junta de Freguesia de Alcobaça.

Desde já me disponibilizo para debater, interna e publicamente, com todos os candidatos, os principais temas de política, incluindo a organização da própria Concelhia do Partido, que interessam ao concelho de Alcobaça, da única forma verdadeiramente digna: olhos nos olhos, forçados a reagir a argumentos (talvez) inesperados, de uma forma dialéctica, empenhada e construtiva.



Jorge Esteves de Carvalho

Militante CDS-PP Alcobaça

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