Quando eu era pequenita
Bem me lembro de ir à fonte
Com uma bilha à cabeça
Ao poço perto do monte
Trazia água p´ra beber
E também p´ra nos lavar
Era sempre uma canseira
Com a bilha a carregar
Até p´ró gado beber
A tinha de ir buscar
Por isso nada de estragos
Era sempre a poupar!!!
Mais tarde meu pai pensou
Então um poço fazer
Deixei de ir buscar água
Com a bilha p´ra beber
No dia em que tive água
Que desse poço jorrou
A alegria foi tanta
Que do meu peito brotou
Meu pai comprava galinhas,
Ovos, coelhos também…
Mas tinha uma grande mulher
A minha querida mãe
Ainda me lembro bem
De atrás dela andar
Com uma cesta pequenina
Para a poder ajudar
Chegava a casa cansada
De tão longe caminhar
Mas mal largava a cesta
Ia p´ró campo trabalhar
Muito trabalho de campo
Muito para semear
Muita rega p´ra fazer
Batatas para sachar
Eu também a ajudava
Quando saía da escola
No caminho ia brincando
Dando chutos numa bola
E ao chegar junto dela
Tantas vezes bem sozinha
Pedia-me logo ajuda
Isto era eu bem novinha
Sol-posto vinha p´ra casa
E se tinha trabalhos da escola
Ali há luz do candeeiro
Pegava em minha sacola
Os anos foram passando
Nesta faina sem parar
E eu ao meu pai pedindo
Para me deixar estudar
“Isso é que não pode ser”
E muita coisa argumentava
Que a mim não me convencia
E às escondidas chorava
Ao domingo ia à missa
No caminho namorava
Sempre sem meu pai saber
Senão mais me chateava
Mas aquilo que pior
Me podia acontecer
Era não ir aos bailaricos
Ficar em casa a sofrer
Minhas amigas todas iam
Com os pais a acompanhar
Mas meu não me deixava
Podiam-me machucar
Naquele tempo era assim
Agora é bem diferente
Mas cá vamos caminhando
E andando para a frente.
De: Áurea da Mata
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